sábado, 7 de dezembro de 2013

L’Hirondelle


O último filme que fui ver no Viriato.
«Visto sessenta anos depois da sua realização "L’Hirondelle et la Mésange" mostra que André Antoine tem um sentido inato da imagem (…) Não há uma única imagem de todo o filme que não seja de uma intensa beleza e de um despojamento que desvenda a beleza da natureza. – palavras textuais na folha de sala que recebi no início.
Trata-se de uma película dos tempos do cinema mudo, realizada em 1920 em cenários naturais, nos rios e canais da Bélgica e do norte da França. O aspecto documental do filme assustou o produtor que nunca o distribuiu. Em 1982, a Cinemateca Francesa encontrou nos seus depósitos o negativo integral da obra: o filme foi reconstituído pelo montador  Henri Colpi. Descobriu-se então uma surpreendente e moderna obra-prima.
O filme foi magistralmente acompanhado ao piano, ao vivo, por Mário Laginha.
O instrumentista encantou-nos com a excelência do som que foi tirando do instrumento, sempre com absoluta propriedade.
Memorável pela surpresa (para mim foi o primeiro espectáculo do género) e pela enorme qualidade!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

uma cidade para os pássaros


As últimas obras de requalificação da Escola Secundária Alves Martins (antigo Liceu) não pouparam uma parte dos velhos castanheiros que havia no recreio!
- Um atentado ao meio ambiente – pensei, triste pelo sucedido.
Mas, felizmente, alguns exemplares da espécie resistiram. Nesta altura do ano, gozam de boa saúde.
Um alívio!
Lembrei-me, então, que, na entrevista que Aquilino Ribeiro deu a Igrejas Caeiro, recuperada pela rádio Antena Dois, o escritor dizia:
- Nasci perto do Távora, concelho de Sernancelhe, numa aldeolazita, pacata, pobre, em que havia um convento como em todas as aldeias de solo fértil... uma terra de castanheiros. Eu nasci no meio dos castanheiros! O castanheiro é … uma árvore da Força e da Beleza …uma cidade para os pássaros: o periquito-real, a poupa, o melro ali fazem os ninhos… um perfeito mundo. E, depois, as pastoras vêm com os seus tamanquinhos britar o ouriço… com a sua capuchinha apanhar as castanhas, todas as manhãs!

Que riqueza!

sábado, 13 de julho de 2013

Da cor do ouro

De ontem para hoje, a situação não melhorou…  o mal não foi debelado…,  - dita a veterinária. … continua a hemorragia, …vai reagindo bem à medicação, damos-lhe o alimento diluído… estamos a fazer tudo …, mas…, - lembra com um semblante sério e preocupado, …trata-se  de cuidados paliativos...

Olho para o interior da gaiola e vejo laivos de sangue vivo, dispersos pelo comedouro [o local onde tantas vezes vi a hamster em busca de comida com que enchia as bochechas ou logo ali remoía, toda curvada numa encantadora posição].
O filho mais velho, seu tutor, pergunta sobre as possibilidades de recuperação…
“Infelizmente…
As dúvidas e hesitações da médica preocupam-no, mas não lhe retiram a esperança.
E o filho mais novo também acredita … ele, sim, que sempre tão bem cuidou  dela, muito especialmente naqueles sete meses, em que o irmão esteve na Faculdade.
“Vermelho vivo” – a imagem persiste… invade a alma, “sangue do meu sangue”- vem à memória a frase da canção que tantas vezes ouvi na rádio. E não contive as lágrimas que me banharam o rosto.
- Não sei como querem fazer?! – pergunta a médica.
- Continua internada – afiança logo a mãe que sabe que em casa não lhe poderíamos dar a assistência especializada como a do Hospital.
E assim aconteceu.
Saímos abalados e incrédulos com aquilo que estava a acontecer à Áurea, prostrada e irreconhecível… e logo ela, geniquenta criatura!
Difíceis as horas que iam passando sem boas novas.
“Sangue do meu sangue…” – a música matraqueava na cabeça e fazia jus aos laços afectivos,   que nos ligavam áquela “menina”.
Nessa noite em casa a noite não caiu.
No dia seguinte, ao meio-dia, antes da refeição, no Casablanca, a notícia caiu que nem bomba:  e, então, ali mesmo, unidos pelo pão e pelo amor eternizado no filme, dissemos até sempre ao mais simpático e querido dos seres vivos.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Fumo branco, fumo negro


Aconteceu na Escola…
Acontecem coisas na escola que julgava, há muito, arredadas do seu seio, mas não!
Puro engano.
Tudo nasceu de um cheiro a fumo no balneário, que o funcionário comunicou à docente.
Esta, no dia seguinte, participa ao Director relatando que um aluno queimara um teste antigo e outro assistira ao facto. Sublinho: participou factos que os meninos assumiram, logo que confrontados por ela.
Uma semana depois o segundo aluno é ouvido em processo de averiguações, com todos os contornos aparentes de processo disciplinar.
Referiu, ele, que apenas vira o colega de turma a queimar uma folha enrolada.
Apesar disso, a instrutora, ao longo da audição, fez perguntas indutoras da resposta que pretendia obter, em tom intimidatório, dizendo que “não te esqueças que há outras pessoas que já foram ouvidas … posso pôr aqui que participaste?
E, no final da inquirição, disse para o menino “de certeza que te será aplicada uma medida disciplinar - ipsis verbis, sem nunca sequer ter especificado a espécie ou modalidade, deixando pairar no ar a ameaça de que seria grave.
Qual medida? – interrogávamo-nos, procurando resposta no Regulamento Interno, mas em vão.
Durante os dias que se seguiram [e foram oito!], em casa, instalou-se a inquietação em todos os membros da família.
Até que, ontem à tarde, recebemos a notificação do arquivamento da participação: num categórico despacho de oito linhas o director concluiu que, relativamente ao segundo menino, não havia qualquer facto que lhe fosse imputável. E, quanto ao autor, “por os factos não revelarem gravidade que justifique a aplicação de medidas disciplinares", determinou o arquivamento.
- Fumo branco! - nem queria acreditar, que alívio!
Após dias negros de incerteza, a boa nova.

O “fumo branco” da escola tem um sabor especial e muito mais intenso do que aquele outro, da mesma cor, com que o Vaticano anuncia o “habemus papam”.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Divino Sospiro

A orquestra dirigida por Massimo Mazzeo vai abrir, logo à noite, o Festival de Música da Primavera de Viseu.
Creio que vai ser um concerto único.
As emoções estão à flor da pele!
Durante os dias do festival,
a cidade abre as portas ao mundo...