segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013


…MÚSICA

Não tenho palavras. Nem sequer um ponto de exclamação. Só o silêncio e a contemplação da música, da ideia da música; não a mesma ideia que Mozart, ou Bach, ou Mahler, ou Beethoven, ou Satie, ou Chopin ou tantos, mas tantos outros tiveram.
Limito-me a ouvir a música que os meus sentidos desejam.
Toda a música. Consigo ouvir os sons harmoniosos ou violentos do planeta Terra onde nasci, o som da terra, da água, do vento, o som das cores, a melodia da alegria, o barulho produzido pelo silêncio da morte.
Posso transformar toda a ideia da vida em ideia de música…
Posso ser eu a música. É só eu querer…
(…)
CRISTINA CARVALHO

“…Música”

in Divina Música,


Feliz ano novo a todos os amigos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ATLAS

De Ana Borralho e João Galante

Um projecto com a comunidade, que, no último sábado, aquela dupla de actores/cocriadores pôs em cena no Viriato.

“Se um professor de Matemática incomoda muita gente” – dizia o interveniente – “dois professores de matemática incomodam muito mais” – respondiam, em uníssono, os outros.

“Se dois desempregados incomodam muita gente” – dizia outro, “três desempregados incomodam muito mais”, de novo em coro. E, assim, sucessivamente, foram desfilando até à centésima pessoa.
Pelo meio, alguns participantes contaram uma história de vida, que muito contribuiu para o enriquecimento do espectáculo.
A peça termina com todo o mundo em palco, numa verdadeira explosão de alegria pela sensação do dever cumprido, à mistura com sentimentos de regozijo pela graça e força solidária que irradiava daquele maravilhoso grupo.
Muitas emoções, à flor da pele: curioso o facto de, surpreendentemente, aparecerem em palco pessoas que só conhecíamos como profissionais nos seus locais de trabalho, desempenhando o seu papel com muito brilho!
Por momentos, conseguimos esquecer os tempos difíceis que vivemos, e, através da palavra, também ali foram lembrados!

Um dos motores desta peça, é a ideia do artista plástico Joseph Beuys: “A revolução somos nós, e cada homem um artista”.
“Uma revolução silenciosa” – dizia o folheto de sala que guardo religiosamente!
Sei que a peça já foi representada em diversas cidades. A de Viseu foi uma das melhores - foi a opinião de um organizador.
O projecto continuará noutras paragens, até no estrangeiro.

Já tenho saudades!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O céu aparece cinzento

O céu aparece cinzento, escuro. Negro, mesmo.


E cai água em pleno Verão.

Suspiro de alívio!

Dou comigo a pensar que só a chuva afasta de vez o medo terrível provocado pela vaga de incêndios que todos os anos nos aflige como um autêntico pesadelo!

De pouco ou nada valem os dinheiros públicos que o Estado coloca nas mãos das diversas entidades para implementação de medidas de combate aos fogos, ufanosamente anunciadas na abertura da ‘época’!

Rezo a todos os Santos pela chuva… avizinham-se tempos difíceis: área ardida, fauna e flora ameaçadas, falta de água, desertificação, etc., Mais um rude golpe nas condições de quem vive no interior...sempre o mesmo “pagante” da factura…

Um velho problema, que deveria ser atacado com medidas estruturais e drásticas, mas não. Pelo contrário, vemos que apenas é abordado com paliativos de nula eficácia.

Este verão não foge á regra!

Valha-nos a Natureza… única que ouve o apelo, mas, qualquer dia, até ela… aturdida pelas inexoráveis crises climáticas, terá alguma dificuldade na matéria!

Cai água em pleno Verão. Será um sonho!?

Valha-nos Deus!





P.S.Estarei ausente, durante algum tempo. Muito agradeço a todos os amigos que me visitam e deixam palavras inesquecíveis, sempre tão motivadoras! Obrigado.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O homem-povo

Hoje, na sua terra natal, vai ser homenageado o homem-povo: o parque infantil vai ter o seu nome. .
Partiu num momento de solidão, que, nos últimos tempos, frequentemente o assolava.
 

Um homem bom.  lutador incansável que, enquanto membro da autarquia local, defendia acerrimamente a população, principalmente a mais carenciada.
 
Os membros da autarquia, familiares e amigos prestam-lhe uma digna e merecida homenagem.

sábado, 9 de junho de 2012

áurea menina


“É possível que, na queda, se tenha magoado um pouco. E, por causa da dor, se tenha retraído, a fim de passar despercebida: uma atitude típica da espécie, que, como presa habitual, precisa de “enganar” os predadores, em luta pela sobrevivência.”
As surpreendentes palavras trouxeram algum alívio. Será que, afinal, a doença não seria tão grave como nos parecera?
A verdade é que havia dois dias que toda a família andava preocupada com o estado de saúde da hamster. Tudo começou quando o bicho apareceu, pela manhã, a tiritar de frio, fora da gaiola, a um canto da sala. Será que caiu e se magoou? Será que o frio da noite gélida, fora do aconchego do ninho, lhe teria feito mal?
As espreitadelas à gaiola sucediam-se a toda a hora, observando a evolução do animal … que nos parecia sem genica, não comia nem bebia… e passava a vida no ninho. A preocupação estampou-se no semblante de toda a família!
- Temos que a levar ao veterinário!
Coube-me a tarefa. Mil cuidados no transporte, primeiro no automóvel e depois ao colo até à consulta.
“Então, o que tem esta menina?”
Mal a veterinária lhe pega, deu-lhe uma valente mordidela.
- Está com muita vitalidade!
Observa-a atentamente e desencadeia os procedimentos habituais, até que:
-Não lhe encontro nada de especial… aparentemente está bem. Recomendo apenas alguns pequenos cuidados e vigilância.
Explica que tudo se pode ter devido ao forte instinto de defesa pela sobrevivência.
Continuou cautelosa durante alguns dias, mas, pouco a pouco, recuperou totalmente.  Olhos vivos e misteriosos. Sempre em movimento. E no dorso, o brilho e a cor de ouro [a que se deve o seu nome].
Encantador regresso à normalidade.
Nada melhor existe no mundo!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Não posso adiar o amor para outro século

03.03.2012


“Hoje não quero falar de futebol! Hoje o que quero é felicitar-te pela celebração do aniversário! Oxalá que, quando fores ve…velhi… (desculpa, não é a palavra que queria dizer!...), oxalá que, nessa altura, tenhas saúde e os filhos a teu lado, os filhos… em harmonia. V a i  j a n t a r  f o r a  e  d i v e r t e – t e.  É  o  q u e  i m p o r t a !

O pai, cansado e ofegante, fala ao telefone,  devagar. Parco nas palavras, mas muito claro e convincente em tudo quanto diz, como quem pretende transmitir algo de importante, essencial e, diria até, existencial. Parece-me que, no momento, à distância de 300 quilómetros, tenta dar o melhor que tem. Sinto, então, que, através do cabo telefónico, desagua à minha frente uma torrente de calor humano que toma conta de mim. Compreendo logo que só a fonte do amor é capaz de semelhante milagre!

Que homem de coragem! Que desprendimento em relação às coisas terrenas! Há dias, numa visita que fizémos, deu um crucifixo à filha, dizendo-lhe que o objecto, para ele, tinha muito valor e que por isso gostava de lho dar, interessante é dar o que gostamos - frisou.

Coisas simples, de extremo significado, que tocam a alma!



14.03.2012

Hoje vai à consulta de cardiologia no Hospital de Santa Maria. Mais um passo na difícil convalescença da fibrilação auricular que o levou ao internamento hospitalar!
Vai seguro, porque o médico é professor catedrático, uma sumidade na área da especialidade, sempre rodeado de médicos aprendizes [ como acontecia no seu tempo ao iniciar a carreira de estomatologista - faz questão de relembrar].
No momento em que escrevo o presente texto, recordo, emocionado, os dois episódios supra relatados; o eco das suas convictas palavras ressoa como uma benção!
Espero que receba boas novas!
Com certeza vai correr bem.
Que lição, meu Deus!



*O título é “roubado” ao poema de António Ramos Rosa seleccionado por Maria Alzira Seixo na antologia “os poemas da minha vida”, edição do PÚBLICO, Junho de 2005.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Voz interior


Livre, poeta, livre!

A noite é o teu Jardim das Oliveiras:
Ninguém te vê, nem ouve, nem pressente.
Dormem os inimigos
E os amigos.
Corre, e canta a correr, água corrente!

Purifica o teu espírito mortal
Numa decantação de melodias.
Estrema o oiro do bem das areias do mal,
O oiro que te vem do fundo das galerias…

E quando a luz do sol chegar de novo,
Entrega ao desespero do teu povo
O poema de amor que lhe fizeste:
Meia dúzia de versos, que serão
Uma espécie de pão
Celeste.


M I G U E L  T O R G A