sábado, 8 de janeiro de 2011

Tempo fluvial



Imagem seleccionada do blog "A a Z"
http://www.aaz-nj.blogspot.com


Sábado, dia de inverno pegado, vem-me à memória o poema tempo fluvial de Nuno Júdice, por ele publicado no seu blog em Agosto de 2008.

Muitas vezes o li. Releio-o. Nele descubro a mais bela página!
*
Se eu definisse o tempo como um rio,
a comparação levar-me-ia a tirar-te
de dentro da sua água, e a inventar-te
uma casa. Poria uma escada encostada
à parede, e sentar-te-ias num dos seus
degraus, lendo o livro da vida. Dir-te-ia:
«Não te apresses: também a água deste
rio é vagarosa, como o tempo que os
teus dedos suspendem, antes de virar
cada página.» Passam as nuvens do céu;
nascem e morrem as flores do campo;
partem e regressam as aves; e tu lês
o livro, como se o tempo tivesse parado,
e o rio não corresse pelos teus olhos.
Nuno Júdice